Com o avanço de soluções como Pix e Open Finance, surge a dúvida sobre o futuro das bandeiras de cartões. A resposta é clara: elas se reinventarão. Um exemplo disso é o lançamento do Visa A2A no Reino Unido, uma solução de pagamento direto entre contas bancárias com proteções ao consumidor equivalentes às dos cartões.
A Visa A2A no Reino Unido representa um novo modelo, construído sobre a infraestrutura do Faster Payments e conectado a importantes bancos e fintechs britânicas, como Plaid, Tink, Nationwide e Checkout.com. Essa solução oferece uma experiência simplificada para o consumidor, permitindo autorizar pagamentos recorrentes ou pontuais diretamente do aplicativo bancário, com liquidação quase instantânea.
No Reino Unido, essas transações contam com proteção semelhante à dos cartões, incluindo regras de disputa e reembolso em caso de erro, além de diretrizes claras para consumidores, empresas e instituições financeiras. Para as empresas, isso se traduz em melhor conciliação, gestão de fluxo de caixa e controle sobre mandatos, oferecendo a confiança de uma rede global para pagamentos diretos.
Apesar dos benefícios, o modelo Visa A2A no Reino Unido parece trazer riscos para os adquirentes. Diferente da arquitetura tradicional de cartões, que envolve múltiplos intermediários, o Visa A2A reduz essa cadeia, com pagamentos ocorrendo diretamente de conta para conta, e a Visa atuando como orquestradora de ponta a ponta.
Uma das principais diferenças é a ausência da interchange fee, taxa que no modelo tradicional é paga pelo adquirente ao banco emissor para cada transação com cartão. Isso significa que os bancos emissores deixam de receber essa receita em pagamentos realizados via A2A.
A remuneração dos bancos que detêm a conta do consumidor ainda depende da estrutura que a Visa e seus parceiros irão adotar. Como o Visa A2A no Reino Unido é um modelo aberto, os bancos participantes podem ser remunerados por sua participação, seja com taxas técnicas de acesso à infraestrutura, serviços de autenticação e segurança, ou monetização indireta via parcerias.
As comunicações oficiais indicam um modelo de baixo custo para o lojista e sustentável para todos os participantes, com uma possível redistribuição de valor entre os agentes da cadeia. O Visa A2A no Reino Unido é resultado da aquisição da Tink em 2021 e do lançamento do Visa Protect for A2A em 2024, que utiliza IA para detectar mais fraudes do que os sistemas bancários tradicionais.
Esse lançamento confirma que as bandeiras de cartão estão se adaptando ao novo cenário de pagamentos, impulsionado por IA, open banking e APIs. Elas não estão apenas lançando produtos, mas reposicionando-se na cadeia de valor, levando confiança e liquidação instantânea para os trilhos do open banking, transformando o pay by bank em uma solução segura e competitiva.
Estamos diante do surgimento de uma nova infraestrutura global, onde pagamentos bancários diretos terão marca, confiança e padrão de qualidade.
Via Brazil Journal
