A XP Inc. está novamente ativa na aquisição de participações em assessorias de investimentos, demonstrando um forte compromisso com o crescimento e a consolidação no mercado financeiro. A empresa, liderada por Guilherme Benchimol, já concretizou três aquisições desde janeiro e planeja concluir mais três até o final do ano. Essa estratégia agressiva visa fortalecer a posição da XP diante do aumento da concorrência no setor.
Caso a XP finalize todas as aquisições planejadas, 2025 se tornará o ano com o maior número de M&As com escritórios desde o início dessa estratégia em 2021. Bruno Ballista, sócio responsável pelo relacionamento com canais externos e clientes da XP, destacou a importância de parcerias e serviços como diferenciais competitivos. Segundo ele, a empresa já alcançou um nível elevado em produtos, arquitetura aberta e capacidade de distribuição, mas agora o foco está em oferecer um valor agregado superior.
A XP iniciou sua jornada de aquisições de participações em escritórios em 2021, em um período de intensa competição com o BTG Pactual. Naquele momento, o BTG Pactual estava firmando acordos com grandes assessorias que antes eram ligadas à XP, como a EQI. As regulamentações da época impediam que os escritórios tivessem sócios, o que levou à transformação desses escritórios em corretoras para permitir a entrada da XP no quadro societário.
Essa situação mudou com a Resolução 178 da Comissão de Valores Mobiliários (CVM) em 2023, que permitiu a entrada de sócios nos escritórios. Essa nova regulamentação fez com que muitas assessorias abandonassem os planos de se tornarem corretoras. Entre 2021 e 2023, a XP adquiriu participações em seis escritórios: Monte Bravo, Nomos, Ável, Blue3, SVN e Messem (que se uniu à Faros para formar a Fami). Muitos Agentes Autônomos de Investimento (AAIs) interromperam o processo de conversão para corretoras após a mudança na regra.
Recentemente, aproveitando um novo momento de mercado e múltiplos menores, a XP estabeleceu parcerias com o Manchester (em 2024) e com os escritórios Criteria, Center e 3A Riva, entre janeiro e abril deste ano. Atualmente, um quarto da custódia da XP está concentrada nas assessorias que receberam investimentos. Ao injetar recursos nessas empresas, a XP busca acelerar o desempenho e profissionalizar a gestão, auxiliando na criação de estratégias comerciais e na avaliação de M&As com escritórios.
De acordo com Ballista, a XP investe capital próprio sem intenção de saída, buscando remuneração por meio de dividendos. Um dos objetivos é qualificar os assessores, inspirando-se no mercado americano, onde um Registered Investment Advisor (RIA) como o Capstone administra US$ 1 trilhão sob custódia e os assessores são altamente especializados. No Brasil, muitos assessores ainda estão definindo seus modelos de atuação e remuneração, seja por meio de consultoria com fee ou comissões por vendas de produtos.
Ballista acredita que a qualidade é mais importante do que o modelo de remuneração. Para ele, um assessor deve atender um número limitado de clientes (no máximo 80 famílias) e oferecer um serviço que realmente faça a diferença. Quem seguir essa abordagem será recompensado ao longo do tempo, assim como um empresário que constrói um negócio para durar décadas.
Via Brazil Journal