2024 foi mais quente que 2023, batendo o recorde de 1,5°C de aquecimento global. A tendência de aumento continua, e projeções indicam um aumento de 3,1°C até 2100, considerando as políticas atuais de redução de emissões. As Falas de Trump combustíveis fósseis, com a saída dos EUA do Acordo de Paris e planos de aumentar a extração de petróleo e gás, agravam a situação.
A falta de ações decisivas na redução das emissões de gases do efeito estufa já causa danos significativos ao planeta. O risco de atingir pontos de inflexão climática, com consequências irreversíveis, é real. A COP29, realizada em Baku, Azerbaijão, apresentou resultados limitados.
O acordo da COP29 para mobilizar US$ 300 bilhões anuais até 2035 para adaptação climática nos países em desenvolvimento é insuficiente. A necessidade real é de 1,3 trilhão de dólares por ano. Além disso, as resoluções sobre mercados de carbono apresentam falhas.
Mecanismos de compensação de emissões por meio de créditos de carbono se mostraram ineficazes na redução de emissões. Esses mecanismos, muitas vezes, beneficiam o capital privado, permitindo a continuidade da poluição por grandes emissores. Problemas de transparência, falta de supervisão e integridade metodológica foram relatados.
Há casos de dupla contagem de emissões evitadas e incertezas sobre o armazenamento de CO₂ a longo prazo. Também existem evidências de violações de direitos de comunidades locais em projetos de florestamento. A COP29 não avançou no compromisso de “fim dos combustíveis fósseis”, apesar de 83% das emissões antropogênicas de CO₂ serem oriundas da queima desses combustíveis.
A forte pressão do setor de combustíveis fósseis, um negócio que gerou 2,8 bilhões de dólares por dia nos últimos 50 anos, influencia as decisões políticas. Mais de 1.700 lobistas do setor participaram da COP29, superando o número de delegados das 10 nações mais vulneráveis às mudanças climáticas. Países como a Arábia Saudita obstruíram acordos para limitar a extração de combustíveis fósseis.
O presidente do Azerbaijão chamou os recursos fósseis de seu país de “dádiva de Deus”, enquanto o país planeja aumentar a produção de gás. As Falas de Trump combustíveis fósseis, com a promessa de liberar a extração de petróleo e gás nos EUA, também preocupam. A solução para a crise climática exige multilateralismo e ações guiadas por ciência, não por interesses corporativos.
Para reduzir a emissão de gases efeito estufa a Agência Internacional de Energia recomenda evitar novos investimentos em extração de gás, petróleo ou carvão. Também é essencial acabar com os subsídios ao setor fóssil (cerca de 70 bilhões de dólares anuais nos países do G20). A remoção de cláusulas contratuais que protegem investidores estrangeiros contra a rescisão de contratos também é fundamental.
A descarbonização precisa ser justa, equitativa e solidária. Deve priorizar o fim da extração em países com capacidade de transição e apoio a países em desenvolvimento, evitando projetos que violem direitos humanos e causem impactos socioambientais. Iniciativas como o Fossil Fuels Non-Proliferation Treaty e a Beyond Oil and Gas Alliance buscam fortalecer a coordenação internacional.
O setor de combustíveis fósseis pode se envolver na transição energética. Atualmente, investir em energias renováveis é mais lucrativo e gera empregos. A eliminação gradual da extração de combustíveis fósseis é crucial. A falta de ação decisiva resultará em um “inferno climático”, segundo Antonio Guterres, secretário-geral da ONU.