Nos últimos meses, a Amazônia tem sido palco de notícias aparentemente contraditórias: recorde de focos de incêndio e queda no desmatamento. Mas, esses dados, embora distintos, revelam uma complexidade preocupante. Entender essa dinâmica é crucial para dimensionar os reais impactos na floresta e para traçar estratégias eficazes de preservação.
A relação entre Queimadas na Amazônia e desmatamento nem sempre é direta. O desmatamento envolve a destruição da floresta nativa. Já as queimadas, muitas vezes, ocorrem em áreas que já foram desmatadas anteriormente. Essa distinção é essencial para compreender como ambos os fenômenos interagem e afetam o meio ambiente.
Em 2024, apesar da queda de 30,6% no desmatamento em relação ao ano anterior, a Amazônia perdeu 5,7 mil quilômetros quadrados de vegetação nativa. Esse número, embora menor, ainda representa uma área significativa de destruição, segundo Liana Anderson, pesquisadora do Cemaden. A situação atual ainda está longe do ideal.
As áreas recém-desmatadas tornam-se vulneráveis a queimadas devido ao solo exposto e à presença de matéria orgânica seca. Ou seja, o desmatamento cria condições favoráveis para a ocorrência de incêndios, transformando essas áreas em verdadeiros focos de calor.
Liana Anderson explica que as áreas desmatadas são como “bombas relógio”. O fogo se alastra sem controle, atingindo florestas, infraestrutura e áreas habitadas. Essa combinação potencializa os danos ambientais e socioeconômicos.
Em 2024, o Brasil registrou 278,2 mil focos de incêndio, o maior número desde 2010, de acordo com o Inpe. A Amazônia concentrou 140 mil desses focos. Um aumento de 42% em relação ao ano anterior. Esse aumento se deve, em parte, a um evento climático El Niño mais intenso, que causou seca e elevação das temperaturas.
A seca extrema em 98% dos municípios amazônicos, conforme dados da InfoAmazonia, favoreceu a propagação dos incêndios. Agricultores também utilizam o fogo para limpar áreas de pasto e cultivo. Essas práticas contribuem para o aumento das queimadas.
Dados do BDQueimadas revelam que quase 80% dos incêndios na Amazônia em 2024 ocorreram em áreas já desmatadas. Apenas 20% atingiram áreas de vegetação nativa. Por isso que o aumento das queimadas e a diminuição do desmatamento não são informações conflitantes.
A degradação ambiental, que se refere aos danos parciais à floresta, aumentou 497% em 2024 devido às queimadas. Essa degradação, mesmo sem aumentar o desmatamento, causa sérios impactos nos ecossistemas e nas comunidades que dependem da floresta.
A devastação da Amazônia causa impactos sociais e econômicos. A seca dos rios dificulta o acesso a escolas e centros de saúde. O abastecimento de alimentos, água potável e medicamentos fica comprometido, afetando a vida de milhares de pessoas.
A Unicef relata que, na Amazônia colombiana, a queda no nível dos rios levou à suspensão de aulas em 130 escolas. A situação aumenta os riscos de exploração infantil por grupos armados, além de infecções respiratórias e desnutrição.
Embora o desmatamento tenha apresentado uma queda, o aumento das **Queimadas na Amazônia** e a degradação ambiental alertam para a necessidade de ações mais eficazes. É fundamental combater o desmatamento, promover o uso sustentável da terra e proteger as comunidades que vivem na floresta.