Um estudo recente conduzido na Austrália revelou uma possível ligação entre a exposição à poluição e a temperaturas extremas e o risco de prolongar a gravidez, ultrapassando as 42 semanas. A pesquisa, que analisou dados de quase 400 mil nascimentos, indica que gestantes expostas a altos níveis de material particulado no ar ou a temperaturas muito elevadas ou muito baixas podem ter maior probabilidade de entrar em trabalho de parto após 41 semanas.
Os resultados do estudo, publicado na _Urban Climate_, lançam luz sobre como as mudanças climáticas podem influenciar a duração da gestação. Cientistas da Universidade Curtin analisaram dados de poluição e temperatura nas áreas de residência de 393.384 gestantes. Os níveis de poluição foram avaliados desde três meses antes da concepção até o momento do nascimento. Utilizando o Universal Thermal Climate Index, os pesquisadores estimaram o estresse térmico experimentado pelas participantes, considerando temperatura e umidade.
A pesquisa revelou que 12% dos nascimentos analisados foram considerados gestações pós-termo. Ao analisar esses casos, os pesquisadores identificaram uma correlação entre o risco de prolongar a gravidez e a exposição à poluição e a temperaturas extremas. Essa conexão persistiu mesmo após considerar outros fatores relevantes, como tabagismo, idade e condições socioeconômicas. Além disso, o estudo apontou que gestações prolongadas são mais comuns em mulheres que estão grávidas pela primeira vez, mães com mais de 35 anos e residentes em áreas urbanas.
Os pesquisadores propõem que tanto a poluição quanto as temperaturas extremas podem elevar a produção de moléculas instáveis, conhecidas como espécies reativas de oxigênio, que podem afetar o funcionamento hormonal. A preocupação é que, com as mudanças climáticas, esses riscos se tornem mais evidentes. Para entender melhor essa relação e criar medidas de prevenção e proteção para gestantes, são necessários mais estudos que investiguem a causa do problema num cenário climático em transformação.