Após uma significativa reestruturação estratégica, a BP (B1PP34) anunciou um retorno ao seu foco principal em petróleo e gás, juntamente com planos de venda de ativos e redução de despesas. Essa mudança de direção, no entanto, foi recebida com uma queda nas ações da empresa, impactada por um corte considerável em seu programa de recompra de ações. A empresa busca com isso, atrair acionistas insatisfeitos, incluindo o fundo ativista Elliott Investment Management.
O CEO da BP, Murray Auchincloss, durante uma atualização estratégica, optou por abandonar a meta de diminuir a produção de petróleo e gás, prometendo, em vez disso, um aumento moderado. Além disso, Auchincloss diminuiu os investimentos em energia renovável e iniciou uma análise estratégica da divisão de lubrificantes Castrol, que pode alcançar um valor de US$ 10 bilhões caso seja vendida.
Apesar do esforço para apaziguar os acionistas descontentes, o CEO foi obrigado a reduzir o ritmo das recompras de ações, um incentivo crucial para os investidores do setor. Enquanto suas concorrentes mantêm os pagamentos aos acionistas, a BP, sediada em Londres, irá diminuir suas recompras trimestrais para um máximo de US$ 1 bilhão, uma redução em relação aos US$ 1,75 bilhão anteriores.
Essa forte pressão sobre a BP surgiu após a divulgação de que a Elliott adquiriu uma participação de quase US$ 5 bilhões na empresa. A próxima ação do fundo ativista, conhecido por suas táticas incisivas e exigência de mudanças intensas, dependerá do quão longe as promessas de Auchincloss serão implementadas.
Após 13 meses como CEO, essa é a primeira grande alteração de estratégia liderada por Auchincloss. Ele assumiu o cargo prometendo manter a rápida transição para energia de baixo carbono iniciada por seu antecessor, Bernard Looney. No entanto, após uma queda de 16% no valor das ações no ano anterior, ele se comprometeu a “redefinir fundamentalmente” a estratégia da empresa.
A BP planeja aumentar seus investimentos em petróleo e gás para aproximadamente US$ 10 bilhões anualmente, visando elevar a produção para uma faixa entre 2,3 milhões e 2,5 milhões de barris de óleo equivalente por dia até 2030. A meta anterior era reduzir a produção em 25% até o final da década, em comparação com os níveis de 2019.
A empresa também irá diminuir os investimentos em energia renovável anuais para uma quantia entre US$ 1,5 bilhão e US$ 2 bilhões, cerca de US$ 5 bilhões abaixo da orientação anterior. A BP continuará a realizar investimentos “seletivos” em biogás, biocombustíveis e carregamento de veículos elétricos. Além disso, pretende vender cerca de US$ 20 bilhões em ativos até o final de 2027, com o objetivo de reduzir a dívida líquida para uma faixa entre US$ 14 bilhões e US$ 18 bilhões.
Duas das novas metas da BP são aumentar o fluxo de caixa em mais de 20% ao ano até 2027 e elevar os retornos sobre o capital empregado para acima de 16% nesse mesmo ano. Isso exige um preço do barril de Brent de US$ 70 e um preço do gás natural nos EUA de US$ 4 por milhão de BTU.
Caso a Elliott não esteja satisfeita com as mudanças da BP, o fundo hedge pode pressionar por alterações na diretoria e na gestão. O presidente Helge Lund, reconhecido como um dos principais defensores da agora criticada estratégia de emissões líquidas zero da empresa, pode enfrentar pressão particular.
As recentes decisões da BP refletem uma resposta estratégica a pressões de investidores e a uma reavaliação das prioridades de investimento, sinalizando um ajuste no equilíbrio entre a produção de hidrocarbonetos e a transição para fontes de energia mais limpas.
Via InfoMoney