O **colapso da corrente do Oceano Atlântico** é uma preocupação crescente entre cientistas, com estudos indicando que as mudanças climáticas e a poluição podem acelerar esse fenômeno nas próximas décadas. A circulação oceânica, vital para o equilíbrio climático global, está sob ameaça, com potenciais impactos severos nos padrões de chuva, temperaturas e níveis do mar em todo o mundo.
A **Circulação Meridional do Atlântico (AMOC)**, responsável por transportar água quente para o norte e fria para o sul, essencial para a estabilidade climática global, pode sofrer alterações drásticas devido às atividades humanas. Caso o colapso da corrente do Oceano Atlântico ocorra, bilhões de pessoas poderão ser afetadas por mudanças nos padrões de chuva globais, resfriamento de regiões europeias e elevação do nível do mar na costa leste dos EUA.
Um estudo publicado na revista *Nature* utilizou simulações de computador com dados sobre as mudanças climáticas para analisar o que poderia acontecer se a AMOC entrasse em colapso ainda neste século. Os resultados apontam para transformações comparáveis a cenários de ficção científica, com potencial para desencadear um resfriamento extremo.
Embora as 34 simulações não tenham apontado para um colapso até o final do século, os cientistas alertam que o pior pode acontecer após 2100 e que é preciso atenção às mudanças na AMOC já neste século. Apesar disso, os resultados dos modelos computacionais trouxeram um certo alívio. Em 2018, um estudo da *Climate Research* sugeriu a possibilidade de colapso da AMOC, mas a pesquisa de agora não contradiz os resultados anteriores.
As simulações preveem ainda que o enfraquecimento da AMOC pode levar a uma circulação mais forte no Pacífico, numa tentativa de compensar as mudanças. Mesmo que a corrente apenas enfraqueça, as consequências seriam significativas, como perdas na produção agrícola e alterações nas populações de peixes. Felizmente, o congelamento da Europa previsto em caso de colapso total, não deve ocorrer.
O que acontece com a corrente do Oceano Atlântico? Resumidamente, quando a AMOC atinge o Ártico, a água quente esfria e forma gelo marinho. Esse processo aumenta a densidade da água, pois o gelo retém menos sal, fazendo com que a água restante afunde e seja puxada para o sul, impulsionando a circulação oceânica. Com o aquecimento global, o derretimento do gelo da Groenlândia lança água doce no oceano, diminuindo sua densidade e, consequentemente, a corrente.
A AMOC é avaliada em Sverdrups (Sv), unidade que quantifica o volume de água transportado pelas correntes. Atualmente, sua taxa de fluxo está em 17 Sverdrups, mas tem diminuído cerca de 0,8 Sv por década, de 19 Sv em 2004. Para muitos especialistas, o colapso da corrente do Oceano Atlântico poderia ocorrer ao atingir menos de 5 Sverdrups, mas há quem diga que isso só aconteceria se o valor chegasse a zero.
Com o clima em constante mudança, especialistas e cientistas se unem para analisar os sinais que podem sugerir transformações ainda mais problemáticas no futuro.
Via TecMundo