Na mais recente reviravolta das investigações sobre a tentativa de golpe de Estado, o procurador-geral da República, Paulo Gonet, decidiu não apresentar denúncia contra algumas figuras proeminentes que haviam sido indiciados golpe Bolsonaro pela Polícia Federal. A decisão, tomada nesta terça-feira (18), deixou de fora nomes como o de Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, e o influenciador argentino Fernando Cerimedo, conhecido por suas lives questionando a legitimidade das urnas em 2022.
Além de Costa Neto e Cerimedo, a lista de não denunciados inclui quatro coronéis, sendo dois da reserva, que foram apontados como suspeitos de articular uma carta com o objetivo de pressionar a cúpula das Forças Armadas a aderir a um golpe contra o presidente Lula. Tércio Arnaud Tomaz, ex-assessor de Bolsonaro e apontado como líder do chamado “gabinete do ódio”, também escapou da denúncia, assim como o padre José Eduardo de Oliveira e Silva, que teria integrado o núcleo jurídico do esquema golpista.
A lista inicial de indiciados pela PF no final de 2024 contava com 40 nomes. A denúncia da PGR, no entanto, abrangeu apenas 34 pessoas. Gonet excluiu dez nomes da lista de suspeitos apresentada entre novembro e dezembro, mas adicionou um coronel que não constava nas listas anteriores e outros três indivíduos que já haviam sido indiciados, como Silvinei Vasques, ex-chefe da Polícia Rodoviária Federal (PRF), e dois outros policiais federais.
Valdemar Costa Neto, presidente nacional do PL, chegou a ser preso em flagrante por posse ilegal de arma de fogo durante a investigação da tentativa de golpe. Desde então, ele está impedido de manter contato com Bolsonaro. A investigação da PF o associa ao “Núcleo de Desinformação e Ataques ao Sistema Eleitoral”, alegando que ele financiou, divulgou e endossou ações judiciais que corroboravam a atuação de especialistas que alegavam ter encontrado fraudes nas eleições de 2022.
Entre os militares, Alexandre Castilho Bitencourt da Silva, Anderson Lima de Moura e Carlos Giovani Delevati Pasini, todos coronéis do Exército (este último da reserva), foram apontados pela PF como suspeitos de participar da articulação da carta que pressionava as Forças Armadas a darem um golpe contra Lula. Laercio Vergilio, coronel da reserva, também é acusado de incitar o golpe, tendo afirmado em depoimento que a prisão de Alexandre de Moraes seria necessária para a “volta da normalidade institucional”.
Aparecido Andrade Portella, tenente da reserva, foi indiciado pela PF em dezembro e identificado no relatório final como um dos interlocutores dos manifestantes que pediam um golpe de Estado junto ao governo Bolsonaro. Ele é suplente da senadora Tereza Cristina (PL-MS), que foi ministra da Agricultura na gestão anterior. Fernando Cerimedo, influenciador argentino, ganhou notoriedade após as eleições de 2022 ao alegar, em lives e publicações de grande alcance, que as eleições brasileiras teriam sido fraudadas.
José Eduardo de Oliveira e Silva, o padre, foi citado pela PF como integrante do núcleo jurídico do esquema golpista, com supostos vínculos com pessoas e empresas envolvidas na produção de notícias falsas. Tércio Arnaud Tomaz, ex-assessor de Bolsonaro, foi apontado como líder do “gabinete do ódio”, responsável por disseminar fake news e informações favoráveis ao governo Bolsonaro. Em fevereiro, a PF apreendeu o celular de Tércio na casa de Bolsonaro em Angra dos Reis (RJ).
Amauri Feres Saad, advogado, teria participado das discussões sobre a minuta do golpe, segundo a PF. Ele foi apontado por Mauro Cid como um dos que apresentou a Bolsonaro um documento com uma série de considerações sobre supostas interferências ilegais da Justiça em seu governo.