Diante das ameaças de Donald Trump de impor tarifas elevadas sobre as exportações mexicanas, o México buscou alternativas para evitar um cenário econômico desfavorável. A presidente Claudia Sheinbaum implementou uma estratégia multifacetada focada em pontos críticos para a administração Trump: migração, combate às drogas ilícitas e restrições comerciais à China. O objetivo é claro: apaziguar Trump e manter a economia do país estável.
Sheinbaum mobilizou 10.000 soldados para conter a migração em direção aos Estados Unidos, desmantelando caravanas e transferindo migrantes para áreas distantes da fronteira. Simultaneamente, o governo mexicano intensificou a extradição de membros de alto escalão de cartéis para os EUA, aceitando o apoio de inteligência da CIA para localizar laboratórios de fentanil, marcando uma mudança em relação à postura anterior.
Além das ações na fronteira e no combate ao narcotráfico, o México impôs tarifas e restrições a produtos importados da China. Essa medida visa demonstrar que o México pode ser um parceiro estratégico na contenção da influência econômica chinesa, oferecendo uma base industrial de baixo custo. Trump, por sua vez, chegou a elogiar Sheinbaum, demonstrando uma possível abertura para negociações.
Apesar das promessas de Trump de impor tarifas de 25%, os mercados financeiros mexicanos mantêm-se estáveis, refletindo a expectativa de um possível acordo. Diego Marroquín Bitar, especialista em comércio norte-americano do Wilson Center, destacou a gestão de Sheinbaum como superior em comparação a outros líderes, evidenciando a importância das ações tomadas.
A estratégia mexicana envolve uma combinação de medidas conciliatórias e uma dose de resistência em questões específicas, como a renomeação do Golfo do México. No entanto, o ceticismo em relação às políticas de Trump é presente tanto na sociedade mexicana quanto no partido de Sheinbaum, que combina ideais nacionalistas e de esquerda.
As possíveis tarifas de Trump no México representam um risco significativo para a economia do país, que depende fortemente do comércio com os Estados Unidos. Economistas alertam que, mesmo que temporárias, as tarifas podem gerar impactos consideráveis. Adicionalmente, Trump ameaça impor tarifas sobre as importações globais de aço e alumínio, o que afetaria o México e outras tarifas “recíprocas”.
O Banco Central do México já reduziu sua projeção de crescimento de 1,2% para 0,6% neste ano, refletindo a incerteza gerada pelas ameaças de tarifas. No entanto, as repetidas ameaças de Trump, seguidas de recuos, indicam que as tensões podem diminuir. Atualmente, negociadores mexicanos estão em Washington para tentar um acordo de última hora com autoridades americanas.
As ações do México para evitar as tarifas de Trump no México estão focadas em três áreas principais: contenção da migração, combate aos cartéis e busca por um contrapeso à influência da China. O envio de 10.000 membros da Guarda Nacional para a fronteira foi considerado uma vitória por Trump, que suspendeu temporariamente a imposição de tarifas.
O México intensificou o desmantelamento de caravanas de migrantes e expandiu um programa para transferir migrantes para o interior do país. No último trimestre de 2024, foram detidos cerca de 475.000 migrantes, mais que o dobro dos primeiros nove meses do ano, resultando em uma fronteira mais calma e na diminuição das travessias.
No combate aos cartéis, o México tem realizado apreensões de fentanil e extraditado membros dos cartéis para os Estados Unidos. Em dezembro, ocorreu a maior apreensão de opioides sintéticos do México, com 800 quilos de fentanil apreendidos. A colaboração com a CIA, que intensificou voos secretos de drones para localizar laboratórios de fentanil, é outro ponto importante.
O governo mexicano também tem reformulado seus laços comerciais com a China, seu segundo maior parceiro comercial. Após as ameaças de Trump, foram realizadas operações contra a venda de produtos falsificados chineses e impostas tarifas sobre importações de vestuário e produtos de varejistas online chineses. Essas medidas visam demonstrar a capacidade do México de se alinhar com as prioridades da administração Trump.
Embora o cenário ainda apresente incertezas, as ações implementadas pelo México indicam um esforço para mitigar os riscos das tarifas de Trump no México e manter a estabilidade econômica do país. A negociação em Washington será crucial para definir os próximos passos e o futuro das relações comerciais entre os dois países.
Via InfoMoney