A busca por um planeta escondido no Sistema Solar tem intrigado astrônomos e entusiastas da astronomia por décadas. A possibilidade de existir um mundo oculto, além dos planetas já conhecidos, capaz de influenciar a órbita de outros objetos celestes, fascina e impulsiona novas pesquisas. Em breve, a mais potente câmera astronômica já criada poderá confirmar ou refutar essa hipótese.
A história da busca por um nono planeta no Sistema Solar é marcada por reviravoltas. Após a reclassificação de Plutão como planeta anão em 2006, a possibilidade de existir outro corpo celeste influenciando as órbitas de objetos transnetunianos (OTNs) ganhou força. Essa busca remonta a 1915, quando Percival Lowell propôs a existência do “Planeta X”, que supostamente perturbava a órbita de Urano.
Com os avanços tecnológicos, os astrônomos puderam observar melhor o Cinturão de Kuiper, lar de diversos OTNs, incluindo Éris e Plutão. Em 2004, a descoberta de Sedna, um planeta anão com uma órbita peculiar, reacendeu a discussão sobre a possível influência de um planeta distante. Sedna é um OTN extremo, com um periélio (ponto da órbita mais próximo do Sol) a 76 unidades astronômicas (UA) e um afélio (ponto mais distante) a 937 UA.
Em 2016, os astrônomos Mike Brown e Konstantin Batygin analisaram as órbitas de seis OTNs extremos e notaram que elas eram semelhantes e inclinadas em relação ao plano do Sistema Solar. Além disso, o periélio desses objetos parecia estar alinhado, sugerindo a influência de um corpo celeste maior. Brown e Batygin propuseram a existência do “Planeta Nove”, um mundo hipotético com uma massa entre cinco e dez vezes a da Terra.
Outros modelos também foram propostos para explicar as anomalias nas órbitas dos OTNs. Em 2023, o brasileiro Patryk Lykawka sugeriu a existência de um planeta menor, com uma massa semelhante à da Terra ou o dobro, que explicaria as peculiaridades no comportamento de diferentes grupos de OTNs. Lykawka prefere chamar seu objeto hipotético de “planeta do Cinturão de Kuiper”.
A existência do planeta escondido no Sistema Solar ainda é controversa. Alguns astrônomos questionam a validade dos modelos propostos, argumentando que as anomalias orbitais podem ser explicadas por outras variáveis ou que o número de OTNs extremos observados é muito pequeno para tirar conclusões estatisticamente relevantes. Outros defendem que o alinhamento das órbitas dos OTNs é uma forte evidência da influência de um nono planeta.
Apesar das dúvidas, a busca pelo planeta escondido no Sistema Solar continua. Em 2024, Brown e Batygin usaram dados do Observatório Pan-STARRS, no Havaí, para procurar o planeta, mas não encontraram nada. No entanto, a inauguração do Observatório Vera C. Rubin, no Chile, em 2025, poderá trazer novas informações. O observatório possui a maior câmera já construída, que mapeará o céu do Hemisfério Sul com detalhes inéditos.
O Observatório Vera C. Rubin poderá encontrar o planeta escondido no Sistema Solar ou descartar sua existência. Mesmo que o planeta não seja encontrado, o observatório deverá identificar diversos OTNs, incluindo os extremos, como Sedna. O mapeamento das órbitas desses objetos permitirá refinar os cálculos e entender melhor as dinâmicas do Cinturão de Kuiper. Se os novos OTNs apresentarem as mesmas anomalias orbitais dos já conhecidos, isso reforçará a hipótese da existência do Planeta Nove.
A busca por um planeta escondido no Sistema Solar representa um esforço científico contínuo para desvendar os mistérios do nosso sistema estelar. A possível descoberta de um novo planeta pode revolucionar a astronomia e a nossa compreensão do Universo.