Warren Buffett levanta questões sobre a bolha nos EUA; o que ele sabe?

Bolha nos EUA: Warren Buffett alerta! Entenda os sinais de mercado inflado e o que o "Detector de Bolhas" revela. Saiba mais!
08/03/2025 às 17:33 | Atualizado há 3 meses
Bolha nos EUA
Megainvestidor aponta incertezas na Bolsa americana; o que esperar do futuro?. (Imagem/Reprodução: Infomoney)

Após um período de forte crescimento nos mercados de ações dos EUA, especialistas começaram a debater se existe uma bolha nos EUA. O índice S&P 500, por exemplo, teve um aumento significativo nos últimos anos, reacendendo discussões sobre a sustentabilidade desses valores. Mas afinal, o que seria essa tal “bolha” e como podemos identificá-la?

O termo “bolha” é usado para descrever momentos em que os preços dos ativos sobem muito além do que seria justificável. Contudo, muitos economistas questionam se esse conceito é realmente válido. Alguns argumentam que o termo é usado para descrever mercados instáveis e justificar mais regulação.

Investidores experientes, como Warren Buffett, parecem acreditar que o mercado de ações dos EUA pode estar em uma bolha. A Berkshire Hathaway, empresa de Buffett, aumentou sua reserva de caixa para um nível recorde e se desfez de ETFs que acompanham o mercado. Para entender melhor essa situação, é importante analisar alguns indicadores.

Um desses indicadores é o “Detector de Bolhas do Dr. X”. Ele compara a relação entre riqueza e renda para ações com a mesma relação para títulos. Esse cálculo mostra quanto tempo seria necessário para comprar um determinado ativo com um fluxo constante de renda. Se essa relação aumenta, pode indicar que os ativos estão ficando mais caros.

O detector de bolhas analisa a relação entre o S&P 500 e a renda per capita nos EUA. Se os preços das ações sobem enquanto a renda permanece estável, essa relação aumenta, sugerindo um mercado mais caro. Em dezembro de 2024, essa métrica era de 0,08. Para os títulos, o indicador utilizado é o inverso da taxa dos Treasuries de 10 anos, que estava em 0,219. Dividindo esses valores, o detector de bolhas resulta em 0,3655.

Desde 1987, a média do detector de bolhas é de 0,141. Antes da bolha da internet, no início dos anos 2000, ele atingiu um pico de 0,3229. Durante a pandemia de COVID-19, o indicador chegou a cair para 0,0306, refletindo as condições de mercado da época.

A queda do detector de bolhas no início da pandemia mostra como essa métrica responde às mudanças do mercado. O S&P 500 caiu, e a taxa dos Treasuries de 10 anos também diminuiu. Isso fez com que a relação riqueza/renda para títulos subisse e para ações caísse, indicando que era um bom momento para comprar ações.

O nível atual do detector de bolhas, que é de 0,3655, reflete uma dinâmica oposta. O mercado de ações subiu nos últimos cinco anos devido à injeção de dinheiro durante a pandemia e ao entusiasmo em torno da inteligência artificial. Ao mesmo tempo, a inflação elevou os rendimentos dos títulos do governo, fazendo com que a relação riqueza/renda para títulos caísse e para ações subisse.

Essa situação se assemelha à bolha da internet do final dos anos 1990, que estourou em 2001. A última vez que o detector de bolhas chegou perto do nível atual foi antes do colapso das empresas dot-com, quando atingiu 0,3249. O prêmio Nobel Robert Shiller argumenta que as bolhas são fenômenos psicológicos influenciados por avanços tecnológicos, rumores de enriquecimento rápido e cobertura da mídia.

É sempre difícil prever o “topo” do mercado, mas ignorar sinais importantes pode ser um erro. O detector de bolhas do Dr. X sugere que Warren Buffett pode estar certo: o mercado de ações dos EUA está inflado, indicando a necessidade de cautela.

Via InfoMoney