A indústria de games tem se mostrado um campo desafiador, especialmente para desenvolvedoras trans e não binárias. Além do assédio e das ameaças online, o cenário se agrava com a crescente onda anti-DEI, criando um ambiente de receio e incerteza. Recentemente, Ashley Poprik, renomada roteirista de jogos como Spider-Man 2 e Call of Duty: Black Ops 6, tornou-se alvo de uma bizarra teoria da conspiração, sendo acusada de “arruinar” a aparência de Mary Jane no jogo da Marvel.
Essa situação evidencia um problema que vai além dos ataques de trolls. Empresas de games, que antes promoviam a diversidade, agora recuam para evitar polêmicas, deixando desenvolvedores em um ambiente cada vez mais excludente. Políticas corporativas que dificultam a permanência desses profissionais, cortes em iniciativas de inclusão e a inacessibilidade de eventos de networking devido a mudanças em regras de passaporte para pessoas trans são algumas das barreiras enfrentadas.
O silêncio da indústria é ensurdecedor. Muitas empresas que antes estampavam a bandeira LGBTQIA+ agora evitam se posicionar, temendo “alienar” determinados públicos. Essa postura revela uma dura realidade: o medo de perder dinheiro supera o receio de perder talentos.
A pressão e o medo de represálias têm levado empresas a adotarem políticas mais conservadoras, restringindo a liberdade de expressão e a inclusão de temas relacionados à diversidade em seus produtos e campanhas. A teoria da conspiração que vitimou Ashley Poprik é apenas um sintoma de um problema maior, que afeta a saúde mental e a segurança de muitos profissionais da área.
A falta de apoio e a omissão das empresas podem ter um impacto significativo na carreira e na vida pessoal desses profissionais, levando ao esgotamento, à depressão e até mesmo ao abandono da indústria. É fundamental que as empresas revejam suas prioridades e se comprometam com a criação de um ambiente de trabalho mais inclusivo, seguro e acolhedor para todos.
Para quem vive a realidade do setor, a mensagem é clara: as empresas não têm medo de perder talento. Elas têm medo de perder dinheiro. A teoria da conspiração que se abateu sobre Ashley Poprik e a hostilidade enfrentada por muitos desenvolvedores são reflexos de uma cultura que ainda precisa evoluir. A luta pela igualdade e pelo respeito à diversidade deve ser constante e incansável.
É crucial que a indústria de jogos se una para combater o assédio, a discriminação e a exclusão, garantindo que todos os profissionais se sintam seguros e valorizados. A diversidade é um ativo valioso, que enriquece a criatividade, a inovação e a qualidade dos jogos. Silenciar ou marginalizar talentos diversos é um desserviço à indústria e à sociedade.
Em um setor que movimenta bilhões de dólares anualmente, o bem-estar e a segurança dos profissionais devem ser prioridade. A teoria da conspiração contra Ashley Poprik serve como um alerta para a necessidade urgente de mudanças.