A recente popularidade da série de livros e da adaptação seriada de Problema dos Três Corpos despertou o interesse do público para além da ficção. A NASA pode ter detectado um novo sistema triplo “escondido” em nosso Sistema Solar. Essa descoberta, feita com o auxílio do Telescópio Espacial Hubble, lança luz sobre as complexas dinâmicas gravitacionais que moldam o universo.
Os dados que sustentam essa possível descoberta foram coletados no Cinturão de Kuiper, uma vasta região além da órbita de Netuno, conhecida por abrigar inúmeros objetos cósmicos gelados. A confirmação da existência desse sistema triplo representaria o segundo do tipo já identificado no Cinturão de Kuiper, mais precisamente na área do sistema Altjira 148780. Um estudo detalhado sobre essa descoberta foi divulgado no *The Planetary Science Journal*.
Astrônomos e especialistas se dedicam ao estudo do Problema dos Três Corpos, um conceito que transcende a ficção científica. Esse fenômeno descreve a interação gravitacional caótica entre três corpos celestes, resultando em órbitas imprevisíveis em longo prazo. A **NASA** sugere que este sistema, se confirmado, demonstra estabilidade orbital, contrariando a natureza caótica associada ao **Problema dos Três Corpos**.
A equipe de estudo sugere a possível existência de outros sistemas triplos no Cinturão de Kuiper. Confirmada essa hipótese, as informações obtidas poderiam aprimorar a compreensão da teoria que conecta a formação do Sistema Solar com a origem dos Objetos do Cinturão de Kuiper (KBOs). Os KBOs, conhecidos desde 1992, são remanescentes gelados do sistema solar primitivo localizados além de Netuno.
O sistema Altjira, localizado a aproximadamente 5,9 bilhões de quilômetros do Sol, exibe corpos celestes extremamente gelados, quase 44 vezes a distância entre a Terra e o Sol. As observações do Hubble revelaram dois objetos em órbita conjunta, levantando a hipótese de que um deles seja, na realidade, dois corpos muito próximos, formando um sistema triplo estável.
A dificuldade em observar esses objetos reside em suas pequenas dimensões e vasta distância, agravada pela proximidade entre alguns deles. Após 17 anos de coleta de dados pelo Telescópio Hubble, os cientistas identificaram dois objetos, notando que seu movimento só se justifica pela presença de três corpos em órbita conjunta.
Outra possibilidade é que o sistema seja composto por um objeto comum e um objeto binário de contato, onde dois corpos se aproximam a ponto de se tocar. Maia Nelsen, autora principal do estudo, explica que a separação entre os membros internos do sistema é ínfima para a câmera do Hubble, exigindo métodos indiretos para confirmar a natureza tripla.
Ainda sem confirmação definitiva e sem missões planejadas para o sistema Altjira, os pesquisadores aguardam um período de eclipses que permitirá a coleta de dados valiosos nos próximos dez anos. Essas observações detalhadas poderão revelar características importantes desses objetos.
A equipe do estudo espera que essa descoberta auxilie outros cientistas a desvendar a formação dos objetos no Cinturão de Kuiper e os mistérios da história do Sistema Solar. A confirmação representaria o segundo sistema triplo observado na região, onde já foram identificados cerca de 40 sistemas binários.
O Cinturão de Kuiper, descrito pela NASA como uma região externa do Sistema Solar além da órbita de Netuno, assemelha-se ao Cinturão de Asteroides entre Marte e Júpiter. No entanto, enquanto o Cinturão de Asteroides é composto por rochas e metais, o Cinturão de Kuiper contém principalmente objetos gelados.
Os cientistas acreditam que o Cinturão de Kuiper seja formado por resquícios da formação do Sistema Solar que não se uniram devido à influência gravitacional de Netuno, exibindo um formato toroidal característico. Acredita-se que essa região abrigue milhões de objetos gelados, compostos por rocha, água congelada e outros compostos, distintos da Nuvem de Oort, uma região ainda mais distante com corpos gelados.
A interação gravitacional complexa entre três corpos resulta em órbitas imprevisíveis, desafiando os cálculos matemáticos.
Via TecMundo